O que é que a atriz Paolla Oliveira e o cantor Gusttavo Lima têm em comum? Uma letra sobrando.
Consta que a atriz Paola Oliveira consultou uma numeróloga e concluiu que teria mais sorte se enfiasse uma letra a mais no nome. Das opções que lhe foram oferecidas, ela optou por dobrar o L, e desde então adota esse nome deformado.
Gusttavo Lima é outro caso. Seu nome real é Nivaldo, mas ele adotou Gustavo como nome artístico. Mais tarde, dobrou o T por capricho e virou um inédito "Gusttavo".
Muitos pais no Brasil cometem o mesmo engano ao batizar os filhos: acham que as consoantes dobradas são um enfeite. Não são. Se você é um futuro pai e já pensou em chamar o seu filho de Brunno ou a sua filha de Carollina, leia com atenção.
Por que as consoantes dobradas existem, se não fazem diferença na pronúncia? A explicação é tão simples que surpreende: essas letras são escritas duas vezes porque antigamente eram pronunciadas duas vezes.
Não entendeu? Ouça a diferença entre as palavras latinas annus (ano, tempo de órbita da Terra) e anus (ânus). Note como o /n/ é mais longo na primeira.
Quando o latim virou português, as consoantes que eram faladas duas vezes passaram a ser faladas uma só. Annus virou ano.
Aí, no século XVI, virou moda voltar a escrever com consoantes dobradas: passaram a escrever anno, commercio, collar, etc., mesmo falando as consoantes uma vez só. Era a época do Renascimento e o espírito era de valorizar a herança romana, escrevendo as palavras como eram escritas em latim.
Mas aí veio o problema: nem todo mundo sabe latim. Os eruditos que conhecem a língua sabiam que o certo era escrever parallelo e não paralello, porque em latim era parallelus. Mas quem não sabia latim (a maioria) se confundia e dobrava consoantes ao seu bel-prazer. Para acabar com essa situação, em 1911 fizeram uma reforma que simplificou a ortografia do português. Se só pronunciamos a consoante uma vez, só devemos escrevê-la uma vez também. Anno virou ano, commercio virou comércio, Anna virou Ana, Brenno virou Breno.
O ideal seria que você seguisse a ortografia e chamasse os seus filhos de Ana, Breno e Gabriela, e não de Anna, Brenno e Gabriella. Mas, se insistir em usar consoantes dobradas, pelo menos use direito: só quando tiverem justificativa etimológica. Isso só se dá em dois casos:
1- quando o nome tem origem no latim e a consoante era pronunciada duas vezes nessa língua
2- quando é um nome estrangeiro de uma língua que usa consoantes dobradas na escrita.
Exemplos de grafias aceitáveis:
Anna (do latim Anna)
Brenno (de Brennus)
Danielle (do francês Danielle)
Isabella (do italiano Isabella)
Marcello (do latim Marcellus)
Exemplos de grafias inaceitáveis:
*Brunno em vez de Bruno (do italiano Bruno, do germânico brun) *Dannielly em vez de Danielle (do francês Danielle, derivado de Daniel, do latim Daniel, originado do hebraico daniyél)
*Gusttavo em vez de Gustavo (do sueco arcaico Gustav)
*Paolla em vez de Paola (do italiano Paola, originado do latim Paulus)
*Phillipe em vez de Philippe (originado do grego Philippos; comparar com o francês Philippe)
*Matheus em vez de Mattheus (do latim Matthaeus, originado do hebraico Matityahu)
*Senna em vez de Sena, inclusive no nome de Ayrton Senna (vem da cidade de Sena/Siena, sempre com um N só)
Detalhe: em italiano ainda existem as consoantes que são faladas duas vezes. Os italianos ainda falam anno diferente de ano. Isso torna a decisão de
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