"Se a mensagem 'Não dá troco' estiver aparecendo no visor eletrônico acima, favor inserir o valor correto, pois a mesma está sem moedas para troco."
Quem é "a mesma" nessa frase? Tinha que ser a mensagem, já que é o único substantivo feminino que aparece antes. Mas não é: "a mesma" pretendia substituir "a máquina", para evitar uma repetição desagradável. Repetição imaginária, porque a palavra máquina não tinha sido usada, ao contrário do que o escritor distraído pensava.
Bem feito! O escritor tinha tanta gana de usar "a mesma", essa expressãozinha pedante e batida, que acabou se fazendo de bobo. Mas se faz de boba também a maioria das pessoas que usam a expressão, ainda que de forma correta. São pessoas que são inseguras na hora de escrever porque, nas redações da escola, sempre perdiam ponto por usar palavras repetidas. Para evitar esse pecado mortal, aprenderam a usar aquela maldita expressão, que dá de bônus um arzinho formal ao texto.
Não me entendam mal: evitar repetições é uma excelente recomendação. Só que existem múltiplos meios de fazer isso, e escrever "o mesmo" devia estar entre os últimos itens da lista, não na primeira posição.
Lembrem-se, por exemplo, daquela frase famosa: "Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado no andar." Onde é que está a necessidade de usar "o mesmo" aqui? Por que é que um simples "ele" não bastaria? Seria mais sóbrio, lido com suavidade, sem forçar o leitor a notar que você está evitando repetir uma palavra.
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